Jornal AGORA, 10 de Maio de 1999

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Advogado afirma que Justiça foi conivente com tráfico de crianças
O Tribunal de Justiça (TJ) de SP foi acusado na CPI do Judiciário de ser conivente com um suposto esquema de sequestro e tráfico de crianças que funcionou de 1992 a 1998 em Jundiai.
Foto esquerda: A mãe Cristiane Lopes chora ao falar sobre o rapto do filho. Foto direita: Maria Aparecida Salles, que perdeu três de seus quatro filhos.
Sucursal

Segundo o advogado Marco Antônio Colagrossi, Jundiaí não tem um Conselho Tutelar da Infância e da Adolescência, como determina a lei, porque um processo sobre a criação do órgão está parado há mais de um ano no tribunal.

Esse conselho, segundo o advogado, teria evitado a venda de crianças para casais estrangeiros, "promovida por uma quadrilha liderada pelo juiz Beethoven Giffoni", ex-titular da 2a Vara Cível de Jundiaí, hoje titular da 18a Vara Cível de São Paulo.

Colagrossi disse também que o TJ nada fez diante das crescentes denuncias do chamado movimento das Mães da Praça do Fórum, durante o ano de 98. O juiz foi afastado da Vara de Infância e da Juventude em 23 de dezembro.

Tanto ele como a segunda principal acusada, 

a promotora Inês Bicudo, foram promovidos e transferidos de Jundiaí para São Paulo, segundo a denuncia.

Segundo o advogado, um carro balizado de "cata-cnança" percorria a cidade para levar os menores para adoção.

Ontem, na CPI, Cristiane Lopes, 23, disse que seu filho foi arrancado dos seus braços enquanto era amamentado na maternidade e que nunca mais conseguiu vê-lo.

Já Maria Aparecida Salles, 39, afirmou que o juiz Beethoven ordenou que três dos seus quatro filhos fossem levados a uma "casa transitória", pelo fato de não terem casa própria (moravam com o avô), e nunca mais os viu.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do TJ não quis comentar o caso. O juiz Beethoven Giffoni não quis responder às acusações.

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