Jornal Diário Popular, 06 de Julho de 1989
Fiel Transcrição:
Denunciada uma trama contra delegado da PF
PRISÃO PREVENTIVA DE GEORGES P. SELLINAS
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O procurador da República Antônio César requereu ontem ao Juiz da 12ª Vara Federal, João Carlos da Rocha Mattos, a decretação da prisão preventiva do ex-informante do Departamento de Polícia Federal, Georges Panayote Sellinas, denunciando-o ainda por crimes de declaração caluniosa, Juntamente com quatro delegados da. Polícia Federal: José Benedito de Oliveira Souza, Jair Barbosa Martins, Francisco Pereira Munhoz e José Luiz da Silveira. |
Todos os acusados estão envolvidos em uma trama que gira em torno de denúncia anônima inserida em publicação assinada por Sellinas, em matéria paga no Jornal O Estado do S. Paulo, em forma de carta aberta ao ministro da Justiça, Oscar Dias Corrêa, com o título "A força, da impunidade II". A carta anônima, segundo o procurador, é de autoria do delegado José Benedito de Oliveira Souza. Nela, o autor denúncia que o advogado Márcio Thomaz Bastos contou com a colaboração do superintendente da Polícia Federal, Marco Antônio Veronezzi, para que o Banco Econômico S/A recebesse uma dívida no valor de 60 milhões de dólares da Resegue Indústria e Comércio S/A, produtora de óleo comestível. A empresa estava em concordata e o pagamento deixou evidente fraude aos demais credores. |
A denúncia anônima foi motivo de apuração policial por portaria do delegado federal Reinaldo Spósilo, substituído pelo delegado Francisco de Barros Lima, vindo de Brasília. E o resultado das investigações foi: "tudo não passava de ressentimentos de delegados federais contra Veronezzi, levando-os a talar mal dele na carta enviada, a Sellinas". A trama contra Veronezzi, segundo o procurador da República, ocorreu em um encontro no bar do prédio onde residia o delegado José Benedito de Oliveira Souza, com a presença de todos os acusados. Ali também surgiu a acusação de que Veronezzi tinha mandado dólares para o Exterior e coagiu um doleiro que o trapaceara. A prisão preventiva de Sellinas, diz o procurador, foi requerida porque ele já esteve envolvido em vários procedimentos criminais. |
A TRAMA DOS CORRUPTOS PARA SE DEFENDEREM
O Estado de São Paulo, 09 de julho de 1989
Fielb Transcrição:
Promotor pede prisão de Sellinas
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Foi pedida a prisão preventiva de Georges Panayote Sellinas, acusado pela Polícia Federal de informante, contrabandista, amigo de policiais corruptos, sócio de um dos maiores contrabandista de São Paulo e especialista em escuta telefônica. |
ALBERTO LUCHETTI O procurador da República Antônio Augusto César denunciou Georges Sellinas por crime de denunciação caluniosa contra o superintendente regional da Polícia Federal em São Paulo, Marco Antônio Veronezzi¹, e o diretor-geral, delegado Romeu Tuma¹. Sellinas publicou oito matérias pagas em jornais, denunciando os dois delegados por envolvimento em contrabando e golpes financeiros. O promotor, além de denunciar Sellinas e pedir a sua prisão preventiva, denunciou também os delegados federais Jair Barbosa Martins, Francisco Perei ra Munhoz e José Benedito de Oliveira. Eles são acusados pelo promotor de ter participado de uma trama para desmoralizar Veronezzi e Tuma. Os três delegados e Sellinas se reuniam no americam bar do prédio onde José Benedito de Oliveira mora, na alameda Joaquim Eugênio de Lima. Jair Barbosa Martins e Francisco Pereira Munhoz foram acusados de corrupção e suborno de USS 1 milhão no caso Banespa. No despacho encaminhado para 12" Vara Federal, o promotor Antônio Augusto César pediu que sejam realizados exames de sanidade |
mental em Sellinas e no delegado Benedito de Oliveira. Georges Sellinas não foi encontrado ontem em sua residência na rua Barão do Pirai, em Vila Zelina, nem em seu escritório, no bairro de Vila Prudente, Zona Leste de São Paulo. No mês passado numa en trevista exclusiva ao Estado, Sellinas atacou Tuma e Veronezzi, sem, no entanto, apresentar provas contra os delegados. "As provas só vou mostrar na Justiça", diz Sellinas. Até hoje não apresentou nenhuma prova e poderá ser preso. Sellinas responde a 14 processos na Justiça Federal por denunciação caluniosa, além de outros por contrabando, extorsão, crime contra as telecomunicações e tentativa de suborno. A Polícia Federal descobriu que Georges Sellinas é ligado a um grande grupo de contrabando. Ele é sócio de Júlio Law, irmão do contrabandista chinês Law Kin Chong, que está foragido. A associação foi feita para que Law instalasse, oficialmente, uma empresa na Zona Franca de Manaus. Law ficou com 17 milhões de cotas e Sellinas com seis milhões. Law Kin Chong é proprietário de muitas lojas na Galeria Pagé. |
¹ Vejam acusações da imprensa contra eles e avaliam os abafamentos e as estratégias para se "salvarem"!